Reatores nucleares costumam ser estruturas caras e complexas, frequentemente levando anos para serem construídos. No entanto, um jovem entusiasta da ciência conseguiu chamar a atenção de sua cidade e das autoridades ao criar um reator nuclear caseiro usando materiais encontrados no dia-a-dia. Esta história intrigante ainda desperta a curiosidade de muitos.
Quem foi David Hahn?
Com apenas 17 anos, David Hahn já tinha uma paixão intensa por ciência, especialmente química. Interessou-se pelo tema desde os 10 anos, o que lhe rendeu o apelido de “Escoteiro Radioativo”. A paixão de Hahn o levou a uma jornada científica que atraiu não só a atenção de sua cidade, mas também de autoridades nacionais.
Construindo um reator nuclear no quintal
Utilizando ferramentas e itens comuns como filtros de café e potes de picles, Hahn manipulou materiais radioativos. Ele mostrou habilidades incomuns ao identificar e coletar três elementos químicos que considerou essenciais para o seu experimento. Os elementos incluíam:
- Tório (retirado de lanternas)
- Rádio (das marcas dos relógios luminosos)
- Trítio (obtido de miras noturnas para armas)
- Lítio (comprado na forma de pilhas, gastando cerca de mil dólares)
Esses componentes permitiram que o jovem criasse uma fonte de nêutrons rudimentar, que apesar da limitação comparada a reatores reais, ainda assim emitiu radiação, colocando a vizinhança em risco.
A descoberta e a intervenção das autoridades
A radiação gerada por suas experiências chamou a atenção das autoridades locais, que conseguiram detectar a emissão ao redor da residência de Hahn. A polícia encontrou o galpão que serviu de laboratório quando, após parar o carro de Hahn, descobriram materiais radioativos no porta-malas. Essa revelação preocupante desencadeou a atuação de agências federais, incluindo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.
As motivações de David Hahn
Aos repórteres da Harpers Magazine, em 1998, Hahn compartilhou reflexões sobre seus impulsos juvenis: “Eu era muito emotivo quando criança, e esses experimentos me deram uma maneira de fugir disso. Eles me respeitavam”. Esse mergulho na ciência oferecia uma válvula de escape para Hahn, um refúgio em uma época de sua vida repleta de emoções.
Consequências e lições aprendidas
Felizmente, a rápida intervenção das autoridades resultou na coleta e descontaminação do material perigoso, prevenindo ferimentos e consequências mais graves. No entanto, a experiência de Hahn serve de advertência sobre os potenciais perigos associados à manipulação de materiais radioativos, mesmo quando realizada por entusiastas aparentemente bem-intencionados.
O perigo de reatores caseiros e os riscos da radiação
Luiz Antonio Andrade de Oliveira, professor de química da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), explicou que o perigo dos elementos utilizados por Hahn não se limitaram às reações químicas, mas sim à radiação emitida. Durante uma entrevista ao Olhar Digital, Oliveira destacou que algumas substâncias, como o tório, podem liberar gases radiativos extremamente perigosos.
Os efeitos do rádio e tório na saúde
O tório, quando emite radônio — um gás altamente denso e perigoso para o sistema respiratório humano — poderia causar sérios danos aos pulmões. Esse elemento aumenta significativamente o risco de câncer, especialmente quando usado sem os devidos cuidados em ambientes fechados e sem ventilação.
Oliveira comentou: “Nos EUA, há alguns locais com concentrações mais altas de tório, liberando mais radônio. Isso, somado ao manuseio inadequado, poderia desencadear problemas de saúde severos”.
Pensamentos finais sobre a segurança e curiosidade científica
A história de David Hahn levanta questões importantes sobre segurança e curiosidade científica. Embora a exploração científica seja vital para o avanço do conhecimento, é crucial respeitar normas de segurança e compreender os riscos implicados. Nunca subestimar o potencial perigo dos materiais radioativos, e sempre adotar práticas seguras e responsáveis em qualquer projeto experimental.
Para o jovem entusiasta da ciência que você é, esta história serve como um lembrete dos pragmatismos do mundo real, oferecendo valiosas lições sobre responsabilidade e a busca incessante pelo conhecimento.
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